domingo

Nonviolent Communication - Marshall B. Rosenberg (2003)



O método da Nonviolent Communication (NVC) foi desenvolvido por Marshall Rosenberg quando verificou que a maioria dos conflitos existentes entre as pessoas apenas se deviam a problemas de comunicação. Hoje em dia é uma metodologia de grande sucesso usada em vários contextos, inclusive alguns tão “explosivos” como os Israelo-Palestinianos.

É um processo muito simples mas, apesar de tudo, exige treino, auto-conhecimento e plena atenção por parte de quem o pratica. Para além disso, exige uma mudança importante de paradigma na forma como muitos de nós olha para o mundo: somos os únicos responsáveis pela forma como sentimos e reagimos. Por exemplo, se ficarmos com raiva por algo que alguém disse, não é o estímulo da raiva (as palavras do outro) a causa da mesma, mas sim a avaliação que nós fizemos dessas mesmas palavras.

MÉTODO NVC
O processo passa basicamente pelos seguintes passos:
Observações -> Sentimentos -> Necessidades -> Pedidos

Vejamos como expressar claramente quem somos sem criticar ou culpar o outro.

1 – OBSERVAÇÕES
O que observo (vejo, oiço) que contribui, ou não, para o meu bem-estar.
Ex. “Quando eu vejo X...”

2 – SENTIMENTOS
Como me sinto (emoção ou sensação, em vez do que penso) em relação com o que observo.
Ex. “...eu sinto Y...”

3 – NECESSIDADES
O que preciso ou valorizo (em vez do que prefiro ou uma acção específica) que causa os meus sentimentos.
Ex. “...porque preciso/valorizo Z.”

4 – PEDIDO
Dizer o que enriquecerá a minha vida, sem exigir do outro, ou seja, uma acção concreta que eu gostaria de ver.
Ex. “Estarias disposto a W?”

Juntando tudo:
“Quando eu vejo X, eu sinto Y, porque preciso/valorizo Z. Estarias disposto a W?”


Vamos aprofundar alguns dos passos:

OBSERVAÇÕES
Muitas vezes comprometemos logo de início o processo ao confundirmos observações com avaliações.

Por exemplo, qual das seguintes é uma observação?
a) Chegas sempre tarde
b) Nos últimos 5 dias chegaste sempre depois das 23h

A opção b) é neutra, resume-se a factos. Na a) além do “sempre” generalista, existe a avaliação “tarde”. Ou seja, comunicacionalmente falando, confusão gerada...


SENTIMENTOS
Este é talvez o ponto mais difícil de interiorizar, pois confundimos com frequência sentimentos e pensamentos.

Por exemplo, qual dos seguintes manifesta um sentimento?
a) Quando fazes X sinto-me avaliado
b) Quando dizes Y sinto-me enganado
c) Quando te vejo fazer W sinto-me triste

Efectivamente apenas a c) transmite um sentimento. Em todas as outras, apesar de estar lá o “sinto-me” antes, o que se apresenta são pensamentos ou avaliações do outro. Comunicacionalmente falando, mais lenha pra fogueira...

NECESSIDADES
Existem sentimentos positivos e negativos e vivenciamo-los na medida em que os mesmos colmatam, ou não, as nossas necessidades. Nesse sentido é muito importante cada um de nós conhecer quais as suas necessidades e entrar em contacto com as mesmas.

PEDIDOS
Este é outro dos pontos importantes de interiorizar e nem sempre fácil de por em acção. Existem vários tipos de pedidos, como por exemplo, pedir ao outro para empatizar com os nossos sentimentos, ou pedir ao outro para fazer uma acção específica. O que é importante aqui é, mais uma vez, que seja um pedido e não uma ordem ou uma “manipulação”.


Muito fica para dizer pois, apesar de simples, o processo tem muitas variantes. Para além disso o livro está cheio de exemplos riquíssimos que ilustram bem o processo e nos ajudam a interiorizar a informação. Espero, ainda assim, ter-vos deixado curiosos!

Deixo-vos com alguns pontos de reflexão:
- como EU ESCOLHO olhar para a situação vai influenciar a forma como lido com ela;
- não há NADA que o outro faça que me possa deixar com raiva;
- qualquer pensamento com a palavra DEVIA é provocador de violência;
- não é errado julgar as pessoas. É preciso é ter consciência que É ISTO que provoca a raiva;
- mesmo que não se digam os pensamentos, os “olhos falam”;
- deve-se perguntar sempre: “quais as minhas necessidades nesta situação?”
- a melhor maneira de obter a compreensão do outro é dar compreensão.

2 comentários:

Suzana disse...

Hoje encontrei um autor que adorei, estive a ver vários videos dele no U-Tube: Fred Kofman e associei a sua noção de "Verbal Aikido com este artigo da CNV: http://www.youtube.com/watch?v=T81hFK3rkR0&NR=1

Espero que gostem e que sej útil.
Suzana

Vasco Gaspar disse...

Obrigado Suzana!