The Mindful Brain - Daniel Siegel (2007)

Daniel Siegel é um pediatra e psiquiatra americano de Harvard com PHD pela UCLA. Autor de diversas investigações e livros em várias áreas, traz-nos neste livro algumas curiosidades sobre o nosso cérebro, principalmente relativas às recentes descobertas sobre o efeito da meditação na estrutura do mesmo.

CÓRTEX PRÉ-FRONTAL (CPF).
Coloque a mão na testa. Já está? Ok. Por trás da pele, osso, entre outros, encontra-se a parte do cérebro a que se dá o nome de córtex pré-frontal (CPF). É uma parte extremamente importante e responsável por várias coisas:

1 - REGULAR O CORPO
Coordenação entre o Sistema Nervoso Simpático (SNS) e o Sistema Nervoso Parasimpático (SNP).

2 - COMUNICAÇÃO SINTONIZADA
“Sintonização” com os outros quando comunicamos.

3 - BALANÇO EMOCIONAL
Regulação do sistema límbico e do sistema reptiliano.

4 - FLEXIBILIDADE DE RESPOSTA
Capacidade de pensar antes de agir e de o fazer de forma emocionalmente inteligente.

5 - INSIGHT
Capacidade de ligar o passado, o presente e o futuro, fazendo “novas ligações”.

6 - EMPATIA
Capacidade de ver o mundo pelos olhos do outro.

7 - MODELAÇÃO DO MEDO
Capacidade de gestão da resposta emocional.

8 - INTUIÇÃO
Capacidade de “ouvir” os sinais do corpo (nota: temos neurónios no coração e no intestino, que nos dão informações muito importantes em termos de intuição).

9 - MORALIDADE
Capacidade de sentir compaixão verdadeira e genuína.

Como sabem os cientistas isto? Através da análise ao que pessoas “normais” deixaram de conseguir ser ou fazer depois de sofrerem uma lesão grave nesta parte do cérebro (ex. uma facada na testa, um tumor, etc.)


MEDITAÇÃO MINDFULNESS
Está provado que as pessoas que praticam meditação têm um maior bem-estar global, até mesmo um sistema imunitário mais forte, sendo mais resistentes a doenças. E não falamos aqui de um bem-estar hedonista (prazer fugaz), falamos de um bem-estar “eudaimónico” (bem-estar geral, constante, de “fundo”).

Uma recente descoberta científica é que a prática de meditação (neste caso, o tipo “Mindfulness”), leva mesmo a alterações estruturais no cérebro, ou seja, existem diferenças significativas entre o córtex pré-frontal de uma pessoa “normal” e o de uma pessoa que medita. Penso que já juntou as coisas, não é? Sim, a prática da meditação melhora os 9 pontos que abordámos acima.

Outra coisa que a meditação promove é a “aproximação” às coisas, ao contrário do “afastamento”. Um exemplo claro disto é a melhoria significativa que muitas pessoas com fobias têm conseguido após alguns meses a praticar meditação. Isto acontece porque a meditação permite que estejamos mais “sintonizados” com o presente, deixando de nos influenciar tanto pelos nossos padrões do passado (ex. fui mordido por um cão quando era criança e agora sempre que vejo um cão, mesmo na tv, fico com medo), pois passamos a ter capacidade de os observar e ver que são apenas isso: pensamentos, imagens, emoções ou sensações que criamos e não a realidade em si.


Resumindo de uma forma rápida e usando um acrónimo do autor, a prática regular de meditação mindfulness promove a COERÊNCIA:
C – Connection (conexão)
O – Openness (abertura)
H – Harmony (harmonia)
E – Engagement (envolvimento)
R – Receptiveness (receptividade)
E – Emergence (aparecimento)
N – Noesis/knowing (conhecer)
C – Compassion (compaixão)
E – Empathy (empatia)


Se tiver interesse sobre a prática do Mindfulness, terei todo o gosto em voltar a abordar a temática.